quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Notícias do Japão

Assembléia da CAPB(Comissão de Agentes de Pastoral Brasileira)

Como acontece todos os anos os missionários e missionárias que trabalham em comunidades com migrantes brasileiros se reuniram em assembléia de 8 a 10 de setembro na localidade de Takarazuka, nas proximidades de Osaka.

Neste ano tivemos a alegria de acolher alguns missionários recém-chegados, como Padre Osmar Padovan,Padre Aparecido Maciel Donizete e irmã Eunice. Contudo além de alguns que já retornaram ao Brasil, como as irmãs Kazuko e Theodora, Padre Evaristo Higa,agora é a vez do padre Zeca nos deixar. Significa que o quadro precisa de refôrço e renovação. Que venham os valentes. A messe é grande.

Desta vez tivemos a oportunidade de refletir sobre alguns tópicos significativos da Intrução Pastoral “Erga Migrantes, caritas Christi,” relacionados com a situação dos migrantes no Japão.
Como não podia deixar de ser, nossa atenção voltou-se também para a crise econômica mundial e seus efeitos sobre as comunidades. Ao mesmo tempo que constatamos sofrimentos nas famílias e comunidades, notamos maravilhosos testemunhos de solidariedade, fraternidade, doação e desprendimento de muitos migrantes indo ao encontro dos desempregados.

Brasileiros e a crise e alguns programas de governos no Japão.

Calcula-se que aproximadamente 54.400 brasileiros tenham retornado ao Brasil por causa da crise econômica.

As manchetes continuam a aparecer nos jornais, mais ou menos assim: “Governo do Japão ajuda brasileiros que desejam retornar ao Brasil”; “Prefeituras aumentam a ajuda aos migrantes desempregados”. Cuidado! Essa generosidade pode significar algo bem trágico.

O Japão que abriu as portas aos trabalhadores brasileiros, que abriu as portas para virem trabalhar aqui, parece ter formas sutis para fazer com que os desempregados deixem o país. Vejamos como funciona:

1- No Província de Gifu, o governo local disponibilizou até 700.000 yens(USD 7.000,00 aproximadamente) por família que desejasse retornar ao Brasil, com o compromisso de iniciar a devolução depois de três meses do retorno, com um prazo de três anos, ficando aberta a possibildiade de voltar. É facil entender estar o governo consciente da falta de condições de uma pessoa desempregada reembolsar a importância. A inadimplência será impedimento para que um novo visto seja emitido para quem for embora nessas condições.

2- O governo federal também quer ajudar os brasileiros desempregados para que voltem ao Brasil. Oferece 300.000 yens(aproximadamente USD 3.000,00), sem compromisso de devolver, sob a condição de cancelamento do visto de residência dos adultos e das crianças, sem dizer como poderiam reaver um novo visto no caso de querer retornar ao Japão depois de três anos de ter saído do país. Este programa está sendo considerado uma deportação difarçada.

3- O Governo to Japão tem o “auxílio-subsistência” para apoiar famílias de desempragados, sejam eles japoneses ou não. Nas Províncias de Aichi e Shizuoka, esse auxílio está sendo transformado em uma armadilha para os estrangeiros. Os funcionários dos governos provinciais condicionam o repasse da ajuda ao compromisso de que o migrante brasileiro ou peruano solicite a ajuda de 300.000 yens do governo federal para ir embora, renunciando ao visto de residência. Não é condição essencial para receber a ajuda, mas a tentativa é fazer pressão ou chantagem para que os trabalhadores desempregados abandonem o Japão.

Os migrantes, nessas condições se sentem muito mal-reconhecidos e injustiçados pois sua força de trabalho foi requisistada para vir ao Japão manter a economia do país em alta no tempo da famosa “bolha econômica”. Agora que a crise afeta especialmente os setores industriais, governo, empresários e empreiteiras de mão-de-obra, querem se desfazer deles de forma sutil, mas real.

Missionário Padre Olmes Milani (cs)
Tóquio- Japão

Para relatora da ONU, imigrantes são vistos como lixo tóxico na Europa

Fonte: Folha Online

A situação para os imigrantes clandestinos na Europa está cada vez mais complicada. A polícia francesa desmantelou à força nesta terça-feira um acampamento próximo ao porto de Calais (norte do país), conhecido como "a selva".

Os afegãos encontrados ali não estavam interessados em permanecer do lado francês, mas de atravessar o canal e ir para o Reino Unido, onde a acolhida é menos ruim, relata Luciana Coelho, correspondente da Folha em Genebra.
Para ver o vídeo, acesse:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/podcasts/ult10065u627506.shtml

A jornalista explica que a maior preocupação das organizações de direitos humanos tem sido com Itália, que transformou a imigração irregular em crime e começou, em maio, a fazer patrulhas conjuntas com a Líbia.

"Isso tudo para 'limpar' as costas italianas das dezenas de milhares de clandestinos que chegavam ali. Eu estive faz menos de duas semanas em Lampedusa e o resultado é impressionante", diz a correspondente. Ouça o relato neste podcast.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Primavera das mudanças

A estão da primavera está para o ano como a aurora para o dia. Após a noite escura e fria, propensa aos fantasmas, o sol do amanhecer remove as sombras e traz a esperança de um recomeço. Assim a primavera. Após o inverno gélido e prenhe de turbulências, raios e tempestades, a nova estação renova sonhos e expectativas. O céu azul e os campos floridos costumam ser a expressão plástica desse renascimento.

Não é sem razão que a primavera tornou-se, no imaginário popular, um dos símbolos mais expressivos na música, na literatura, na arte, na religião, enfim, na trajetória existencial das pessoas. Diz-se, por exemplo, que alguém está na primavera da vida, e isso nem sempre corresponde à idade medida de seus anos. Corresponde também ao rejuvenescimento após um outono nebuloso ou um inverso rígido, ou seja, após uma doença, uma crise pessoal, um fracasso inesperado.

O mesmo vale para determinada sociedade ou determinado país. Também aqui, passadas crises profundas, simbolicamente invernais, um povo pode reerguer-se das trevas, do frio e dos escombros, para construir uma alternativa mais promissora. As transformações, as mudanças e as revoluções normalmente são adjetivadas como primaveris. Afugentam os fantasmas do ódio e da violência e abrem espaço para um horizonte recriado. Que o diga quem experimentou na carne tensões, conflitos ou guerras declaradas.

Nesta perspectiva, seria correto afirmar que, passados os sintomas mais graves da crise financeira, a economia mundial encontra-se em estado de primavera? É difícil imprimir aqui um sim imediato e taxativo. Mais fácil é continuar em tom de interrogação. De fato, primavera tem a ver com cores e sabores, com flores e amores. Tem a ver com crianças brincado nas ruas e praças, com namorados se abraçando e beijando, com passeios e piqueniques. Tem a ver com o desabrochar vigoroso e virulento da vegetação castigada pelos ventos do inverno.

Ora, em geral, as propostas do G20 e dos políticos e economistas para a saída da crise do mercado é mais mercado. O que significa continuidade na devastação dos recursos naturais, ritmo acelerado de produção, maior número de carros individuais nas ruas e mais gás carbônico na atmosfera, aceleração do aquecimento global e mais consumo, sempre mais consumo. É o círculo de ferro do produtivismo consumista de nossa cultura ocidental. Tudo para favorecer uma porcentagem de privilegiados do planeta, em detrimento de bilhões de pessoas que vivem das migalhas do progresso científico e tecnológico. O remédio se converte em veneno cada vez mais letal.

Que pena! Nada de novo nesta primavera! Nenhuma flor, nenhuma cor, nenhum amor, nenhum sabor diferente do que já se conhece. A roda vida do capitalismo neoliberal aumenta sua velocidade, ignorando a nova estação. No caso da América Latina, a cobiça pela riqueza, pelo acúmulo e pelo poder vem ressuscitando até um começo de corrida armamentista, coisa que parecia execrada ao lixo da história.

Mas, espera um pouco, não sejamos tão pessimistas. Há sim algo novo debaixo do sol. Milhares e milhares de iniciativas populares, espalhadas por todo o Brasil e por outros países do planeta, vão forjando uma rede capilar de experiências de economia solidária. Ao invés do lucro, o objetivo é dar conta das necessidades básicas das populações mais carentes. Alternativas se multiplicam, formigas trabalham no silêncio, esperanças se renovam.

Mas como competir com a força, os estímulos, o marketing e o fascínio do mercado? Aqui é preciso ter a fé do camponês, acreditar na semente jogada na terra. Tempo de crise é sulco aberto na história para o lançamento de novas sementes. Sementes que não criam espetáculo, não fazem estardalhaço, mas maturam lentamente na umidade oculta do solo. Mergulham suas raízes no interior da terra, para depois, firmes no chão, erguer-se em direção ao céu, ao sol, ao ar livre. Como as sementes, também as mudanças não são feitas de espetáculos. Amadurecem passo a passo na consciência de um povo, até chegarem ao ponto de dar um salto qualitativo em direção à liberdade.

Da mesma forma que a espiga, a flor, o poema ou o edifício, as mudanças se levantam do chão. Primeiro crescem para baixo, buscando as dores e esperanças do povo, depois se projetam para o alto em forma de projetos, sonhos utopias. E então, sim, estaremos deixando o inverso da injustiça e da exclusão social e entrando na primavera de uma nova história.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Espanha corta acesso gratuito a saúde e educação para ilegais

Anelise Infante
De Madri para a BBC Brasil

Muitos imigrantes tentam entrar na Espanha pelas Ilhas Canária.

O governo espanhol aprovou nesta sexta-feira uma reforma da lei de imigração que endurece as condições para os estrangeiros que queiram morar na Espanha e para os que já estão no país.

A legislação, a quarta do tipo em oito anos, provocou críticas de organizações de ajuda humanitária, que consideram alguns pontos inconstitucionais.

Entre os pontos mais polêmicos da reforma, aprovada pelo Parlamento e depois ratificada pelo governo, estão o fim do acesso gratuito a saúde e educação para imigrantes em situação ilegal e o aumento das punições para quem contratar estrangeiros sem documentos.

As multas por contratar um trabalhador irregular subiram de 60 mil euros (pouco menos de R$ 160 mil) para 100 mil euros (aproximadamente R$ 270 mil) em casos graves; e de 6 mil (quase R$ 16 mil) a 10 mil euros (em torno de R$ 27 mil) nos delitos leves.

A mudança mais discutida é a que se refere ao reagrupamento familiar. A lei anterior permitia a um imigrante em situação legal requerer a presença, no país, de seus parentes diretos - pais, filhos, avós, irmãos e cunhados que fossem dependentes.

Com a reforma, o reagrupamento estará limitado a pais ou avós, desde que sejam maiores de 65 anos e que o imigrante legalizado more na Espanha há pelo menos cinco anos. Já a regularização de filhos passou a ficar inviável.

Campanha
O ministro de Trabalho e Imigração, Celestino Corbacho, defendeu a nova lei no Parlamento afirmando que ela proporciona “uma política migratória sustentável, integral e integradora”.
Mas as instituições de ajuda humanitária não estão convencidas. Organizações como a Caritas, ligada à Igreja Católica, a Comissão Espanhola de Ajuda aos Refugiados, sindicatos e ONGs, consideram a lei exclusiva e que ela viola a Constituição do país.

Em uma nota à imprensa, o grupo - que se associou na campanha “Aqui não sobra ninguém” - afirmou que a lei “é um retrocesso na defesa dos direitos da sociedade” e que retrata os imigrantes como “mera força de trabalho” e “simples mercadorias”.

As associações destacam o artigo que acaba com o acesso gratuito dos estrangeiros ilegais aos serviços básicos de saúde e educação, definindo-o como “um limite de inconstitucionalidade”.

Antes da reforma, um imigrante ao chegar à Espanha podia se inscrever em qualquer posto municipal apenas com o passaporte.

A inscrição permitia o acesso a hospitais públicos, escolarizar menores estrangeiros ou nascidos na Europa, e ainda servia como comprovante de entrada no país para uma futura anistia.

A nova lei proíbe este registro oficial, o que é visto por associações de ajuda humanitária como um “confronto com a lei de acesso à educação obrigatória de menores”.

A reforma também introduz o prazo limite de 60 dias de internamento em centros de detenção de ilegais para os estrangeiros pegos nas ruas sem documentos e que não possam ser extraditados imediatamente.

Os brasileiros residentes na Espanha atingidos por esta lei podem ser milhares. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (órgão oficial), o Brasil é o oitavo maior coletivo de imigrantes no país, depois da chegada massiva a partir de 2003.

A entidade calcula que cerca de 92 mil dos brasileiros estão legalizados. As estimativas do consulado brasileiro em Madri chegam aos 230 mil imigrantes - legais e ilegais.

Fonte: www.bbc.co.uk/go/portuguese/em/txt/portuguese/noticias/2009/09/090918

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Passaporte brasileiro sofre mudanças

A professora universitária Ana Oliveira, de Newark(NJ) manda um recado a todos os brasileiros migrantes nos EUA, lembrando que o Consulado Itinerante do Brasil, estará atendendo para receber documentação e orientar sobre novo passaporte.

No próximo dia 24 de Setembro, quinta feira, o Consulado Brasileiro – Itinerante – estará mais uma vez na cidade de Newark – NJ e prestará uma série de serviços para a comunidade.

O documento mais visado é o passaporte. Porém, desta vez, este documento de tanta importância para pessoas que vivem fora do Brasil sofreu muitas mudanças. As pessoas que não tiverem o cuidado de preparar a documentação adequada poderão ser surpeeendidas.

Abaixo uma lista das alterações e explicações sobre as mesmas:

1) Valores a serem pagos
Renovação de passaporte : U$ 80.00
Passaporte extraviado ou danificado : U$160.00

2) Fotos
Apenas uma (1) foto 2” x 2” inchas (mais ou menos 5 x 5 cm).
É a mesma foto que é utilizada para Imigração ou passaporte americano.
A foto não deverá conter data.

3) Prazo de Entrega
Itinerante : +/- 1(um) mes e (1/2) meio
Nova Yorque : 2 (duas) semanas.

4) Formulário para requerer o passaporte
O formulário precisa ser preenchido online. Todos os passaportes agora precisam de um formulário feito préviamente e preparado na internet no site https://scedv.serpro.gov.br. Imprimir o recibo.

5) Impressão Digital
Os passaportes que forem solicitados em Nova Yorque irão requerer a Impressão Digital do solicitante.

6) Passaportes em Nova Yorque
A única forma de requerer o passaporte em Nova Yorque é através de agendamento prévio através do phone (917) 777 – 7777 das 2 as 5 horas da tarde ou pelo e-mail:
agendamento @brazilny.org.

Lembrando que o agendamento é para a pessoa apresentar os documentos. Porém, antes de agendar a pessoa terá que preencher o formulário online e imprimir o protocolo.

Matrícula Consular (Carteirinha do Consulado)
- Somente poderá ser requerida diretamente no Consulado em New York.

Legalização
- Documentos a serem legalizados irão ser entregues no Consulado, levados para Nova Yorque e depois devolvidos via correio.

A professora Ana estará orientando para preenchimento dos formulários e pode ser contactada das seguintes maneiras:
1) e-mail: ana103060@hotmail.com, phone : (973) 274 – 1929,
2) Igreja Saint James, aos domingos, as 10 horas da manhã ou ainda
3) Mantena Global Care, no 109 da Monroe Street, atravéz do telefone (973) 344 – 1644.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Banda Rosa dos Ventos no Cenário Musical Brasileiro


A Banda Rosa dos Ventos surgiu de várias idéias antigas que foram amadurecendo, foi gravado um cd promo com apenas 4 musicas e assim já gerando muitos frutos para a banda, após muito trabalho e muito estudo a banda resolveu ir mais longe e, no final de 2004 o 1º CD da banda foi estreado com musicas que tomaram forma com as composições: Sonhos, Retrato, Do Meu Jeito, Hora Certa e Estrelas, entre outras 14 músicas que fazem parte do CD intitulado "Carência". Em meados de 2008 após uma um longo caminho já percorrido pela banda, foi feita uma reformulação no estilo musical da banda, porem mantendo a proposta inicial da banda que partiu para a gravação do seu 2ºCd com muito mais rock e muito mais qualidade tanto musical quanto de gravação.

A influência musical na banda é muito variada, no 2º disco da banda foi resolvido mesclar todas essas influências que cada integrante tem em particular como Bon Jovi, Skidrow, Whitesnake e junto o pop que desde o inicio acompanha a trajetória da banda.

A banda é composta por 2 irmãos Celo e Joey que possuem um vocal muito parecido mas cada um com seu destaque formando assim uma melodia muito agradável de se ouvir,Celo vocalista já fez parte de grupos como soprano.

Já Pablo e Digão conheceram os irmãos por acaso, a banda já existia e por forças do destino acabaram fazendo parte da família RDV(Rosa dos Ventos).

A proposta musical da Rosa dos Ventos é expressar os sentimentos de uma forma simples e verdadeira, o que a maior parte das pessoas não consegue demonstrar, e isto está explícito nas letras e nas melodias empregadas nas composições da banda.

No show da banda a produção e a qualidade musical são os pontos fortes.

Integrantes
Celo – Vocalista e Baixista
Joey – Guitarrista
Digão – Teclados e Violão
Pablo – Baterista

www.myspace.com/bandarosadosventos

http://www.bandarosadosventos.com.br/

Contato : (54) 99066832 PABLO

Pastorais da Mobilidade Humana realizam 3º encontro nacional em Brasília

Fonte: www.cnbb.org.br

Durante o 3º Encontro Nacional das Pastorais da Mobilidade Humana, que acontece em Brasília, entre os dias 16 e 18, será lançado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) o livro “Mobilidade Humana no Brasil: orientações pastorais”.

O encontro é aberto com a conferência “Igreja Conciliar e Pastoral de Acolhida”, ministrada pelo secretário do Conselho Pontifício da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, dom Agostino Marchetto, às 19h30.

O evento segue no Centro Cultural Missionário (CCM) com a discussão do tema de estudo: “Acolhida e Mobilidade Humana: desafios e perspectivas [texto base: guia mobilidade humana], além de momentos de partilha, oração, trabalhos em grupo, entre outros.

No último dia os participantes farão os encaminhamentos do 3º Encontro Nacional das Pastorais da Mobilidade Humana, com uma celebração eucarística ao meio dia, quando encerra o evento.


Pronunciamento de Dom Marchetto sobre migração

EUROPA/ITÁLIA - O Arcebispo Marchetto: “Onde o estrangeiro torna-se hóspede e é acolhido, desfaz-se gradualmente a possibilidade de ver o outro como um inimigo”

Recoaro Terme (Agência Fides) - “As causas que, frequentemente, obrigam os migrantes a deixar o próprio País, e a buscar melhores oportunidades em outro lugar, são a pobreza, a impossibilidade de encontrar um emprego adequado e digno, mais ou menos estável, no País de origem, ou mesmo a fuga de catástrofes naturais, conflitos, guerras e perseguições de caráter político ou religioso, ou de violações dos direitos humanos”. Foi o que reiterou o Arcebispo Agostino Marchetto, Secretário do Pontifico Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, discursando no dia 12 de setembro sobre o tema: “Imigrantes: aspectos econômicos, sociais e religiosos”, no Congresso Rezzara de Recoaro Terme.

Dom Marchetto recordou que as migrações internacionais “devem ser consideradas também na perspectiva dos programas internacionais para o desenvolvimento e das relativas estratégias nacionais. De fato, as remessas de trabalhadores migrantes deram uma grande contribuição para a economia em geral e, especialmente, à dos Países em desenvolvimento, de onde muitos são provenientes”. Sendo assim, destacou a necessidade de que “os Países de destino efetuem um ‘recrutamento ético’ e cooperem na formação dos profissionais que são necessários nos Países de origem dos imigrantes”, é muito importante “que os Governos dos Países de origem fortaleçam os elos com os seus cidadãos que estão no exterior”, uma vez que contribuem para o desenvolvimento da sua terra natal, “não somente com as remessas, mas também com a importação de seu know-how e das novas tecnologias conhecidas quando retornam”.

Exortando a não considerar o fenômeno migratório somente pelos seus lados negativos, mesmo que com certeza existam, Dom Marchetto recordou que “a imigração ilegal sempre existiu, mas muitas vezes foi tolerada porque fornecia a reserva de força-trabalho, fazendo com que aos poucos os migrantes legais melhorassem a sua posição e se inserissem de modo estável no mundo do trabalho. Atualmente, o fenômeno assumiu, porém, uma fase de emergência social pois, logo após o seu aumento quantitativo, há uma oferta de mão-de-obra no mercado que supera muito as necessidades da economia, que em muitos casos não mais absorver nem mesmo a oferta local. Surge assim a suspeita de que o estrangeiro tire empregos dos cidadãos locais, quando muitas vezes são eles próprios a recusar determinados tipos de atividades, de trabalhos, que consideram ‘sujos’ ou humilhantes”. Esse fenômeno, portanto, deve ser prevenido, “de um lado, diferenciando os exilados dos ilegais e, de outro, com cooperação internacional, voltada a promover a estabilidade política e a acabar com as causas endêmicas do subdesenvolvimento”.

A condição de ilegalidade, de qualquer forma, destacou Dom Marchetto, não afeta a dignidade do migrante, mesmo quando é ilegal: os seus direitos inalienáveis “não podem ser violados, nem ignorados”, dos mais elementares os direitos civis e políticos e trabalhistas. Para o imigrante, de qualquer forma, “é um dever respeitar a identidade e as leis do País de destino, empenhar-se numa justa integração (não assimilação) e aprender o idioma. É preciso ter estima e respeito pelo País que hospeda, até chegar a amá-lo e defendê-lo”.

Assim, o Secretário do Pontifício Conselho da pastoral dos migrantes e dos itinerantes falou sobre duas palavras atualmente de grande uso, nem sempre de forma adequada: diálogo e tolerância. O diálogo não é “uma simples conversa”, mas é principalmente “confronto, interação, capacidade de escutar e entrar na visão do outro, disponibilidade para acolhê-lo, sem simplismos e superficialidade e sem perder a própria identidade. O diálogo não se reduz ao intelecto, mas principalmente deve envolve a vida vivida, e é expresso, talvez, num simples gesto de respeito, de saudação, de solidariedade, de fraternidade”. “Ao lado do diálogo, a tolerância também é uma palavra um pouco desgastada, mas ainda muito importante. Por exemplo, está se disseminando atualmente, de fato, a imagem do Islã como ‘monólito intolerante’, religião de conquista, enquanto que a maioria dos muçulmanos sente-se e proclama-se tolerante. É esta contraposição que arrisca comprometer os esforços de diálogo e provoca uma reação que pode se tornar explosiva. De um lado se abre espaço para o racismo, de outro, leva-se a se fechar em si mesmo. Ambas as religiões, a cristã e a muçulmana, têm na sua base uma tradição de hospitalidade e de acolhida, ‘mutatis mutandis’.”

“Onde o estrangeiro torna-se hóspede e é acolhido, desfaz-se gradualmente a possibilidade de ver o outro como um inimigo” continuou o Arcebispo, destacando que “acolher o estrangeiro, para o verdadeiro cristão, significa acolher o próprio Deus”. Dom Marchetto ressaltou que “também o mundo islâmico tem uma tradição de hospitalidade que se manifesta no Alcorão. A tradição para a abertura está, portanto, na base da religião islâmica também, que, no entanto, conhece atualmente facções, infelizmente muito consistentes, extremistas e violentas”.

Enfim, a lembrança de 11 de setembro, que “evidenciou grandes contradições no papel das religiões na construção da paz” e “a necessidade de um salto de qualidade no encontro inter-religioso: estamos todos convidados a escutar e a nos colocarmos no lugar do outro”. No final do seu discurso, Dom Marchetto observou: “a busca de um equilíbrio satisfatório entre um código comum de convivência a instância da multiplicidade cultural expõe problemas delicados e de difícil solução… Em um momento, esses medos seguem o caminho da destruição ou da negação da identidade do outro, querendo, talvez, assimilá-la pela cultura dominante; em outro, o medo leva à adoção de práticas meramente assistenciais, que humilham quem delas se beneficiam porque ferem a estima que lês têm de si. A tarefa a ser realizada é colocar em debate a proposta de um caminho capaz de fazer desaparecer o imperialismo cultural, que leva à assimilação das diversas culturas pela dominante, e o relativismo cultural, que leva a uma balcanização da sociedade.”
(S.L.) (Agência Fides 15/9/2009)

Links:
O texto integral do discurso de Dom Marchetto, em italiano
http://www.fides.org/ita/documents/Marchetto_Rezzara_12092009.doc

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

BOGOTÁ - Semana do Migrante 2009

COLÔMBIA - Semana do Migrante 2009 com o tema “Construindo a dignidade na diversidade cultural”: “dar testemunho fraterno no serviço aos irmãos imigrantes e deslocados”

Bogotá (Agência Fides) – “Construindo a dignidade na diversidade cultural” será o slogan da Semana do Migrante 2009, que será realizada na Colômbia de 13 a 20 de setembro. O evento é coordenado pela Seção de Mobilidade Humana do Secretariado Nacional da Pastoral Social (SNPS/Caritas Colombiana), que elaborou para a ocasião um guia próprio para as celebrações nas diversas comunidades.

Entre os objetivos da Semana está a vontade de “acrescentar ao nosso trabalho pastoral a acolhida, atenção humanitária, proximidade e apoio” aos mais necessitados, lê-se no material divulgado pela Pastoral de Mobilidade Humana da Região Metropolitana de Bogotá enviado à Fides. Recordando o Ano Paulino recém-concluído, destaca-se que “a atitude do Apóstolo dos gentios, convoca-nos a acompanhar as diversas situações sociais e culturais por meio da nossa ação pastoral de acolhida, para dar testemunho fraterno no serviço aos irmãos imigrantes e deslocados”.

As diversas iniciativas previstas durante a Semana, com o objetivo de “despertar a consciência e o empenho social das comunidades em relação aos imigrantes e deslocados, levando em consideração a sua diversidade cultural”, promovem encontros sobre o tema da imigração sob a perspectiva da diferença; uma peregrinação; programas sobre o tema transmitidos pelos meios de comunicação; uma Hora Santa para os imigrantes; uma Festa dos povos com o objetivo de fomentar a integração multiétnica; Santas Missas com estas intenções específicas nas paróquias, no Dia Nacional do Migrante, 20 de setembro; uma Coleta a favor dos deslocados.
Fonte: Agência Fides

Casa de Deus II

A Primeira Carta de Pedro é escrita aos “estrangeiros da dispersão” que vivem nas comunidades da Ásia Menor (1Pd 1,1). Nela o apóstolo constata que muitos, por se encontrarem fora da pátria e por serem cristãos, acabam sendo hostilizados e perseguidos. A carta recomenda-lhes: a união e a boa convivência entre vocês é a Casa de Deus. Casa aqui significa uma referência para aqueles que, em terra estranha, se sentem inseguros. O texto sinaliza claramente para a construção solidária da comunidade como lugar de encontro.

Aliás, as primeiras comunidades cristãs não raro nascem a partir da instituição pagã casa/família, não no sentido da família nuclear que hoje conhecemos, mas da família antiga, patriarcal e ampliada, que reunia uma vasta parentela, quase um clã. Cristianizada, essa instituição torna-se, por sua vez, um ponto de referência para os pobres, abandonados, órfãos, viúvas, indefesos, migrantes, entre outros. Tem origem aí a constituição posterior da paróquia. Espaços de encontro voltados para acolher os que se encontram dispersos.

De um ponto de vista espiritual, porém, a expressão Casa de Deus revela uma outra dimensão. Não um templo, um abrigo físico ou mesmo um grupo comunitário, e sim uma relação íntima e prolongada com Deus. É o que se verifica nas freqüentes retiradas de Jesus à montanha, ao deserto ou a um lugar à parte. Essa intimidade profunda com o Pai (Abba) é marcante na trajetória de Jesus. Desde os doze anos, no episódio entre os doutores de Jerusalém, em que Ele responde aos pais que o procuravam ansiosos: “Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai” (Lc 2,41-50), até sua oração no Horto das Oliveiras e suas últimas palavras na cruz. A esse respeito é paradigmática a “oração de Jesus”, no capítulo 17 do Evangelho de João.

Essa relação, à medida que se aprofunda na trajetória mística, leva a respirar um oxigênio novo. Saindo de si e entrando no mistério do amor gratuito e sem limites, muitas ilusões de diluem, se desfazem e se convertem em pó. Fama, sucesso, título, poder, riqueza, modismos, dinheiro, consumo, ter, fazer, produzir – tudo isso aparece como um mundo das aparências, frente à realidade, tão presente e tão inefável, que é o estado de espírito de quem conhece a Casa de Deus. Por outra parte, uma luz até então desconhecida passa a iluminar nossas entranhas mais íntimas, revelando sombras, fragilidades, fraquezas, blocos de gelo, mas também bondade, vontade de caminhar, potencialidades inéditas.

Semelhante estado de espírito pode ser reproduzido em qualquer lugar ou ambiente, desde que o silêncio exterior e interior, ajudem a criar uma atmosfera própria para a oração ou contemplação. Estas, em geral, são constituídas de minutos longos de espera, busca, cansaço e desânimo, por um lado, e, por outro, de segundos de luz em meio à escuridão, ao deserto e ao silêncio de Deus. Momentos únicos e fugazes, mas calorosos e inebriantes, cuja lembrança marca para sempre a alma do peregrino. Passam a figurar como pequenos faróis que, em meio às tempestades de mares bravios, indicam ao nosso frágil barquinho o porto seguro.

O apóstolo Paulo conhecia bem essa sensação de intimidade com Deus e com Cristo. Descreveu-a em muitos de suas cartas. Tomemos, por exemplo, seu testemunho no areópago de Atenas, onde, diante dos deuses gregos, passa a anunciar o “Deus desconhecido”: “Tudo isto para que procurassem a divindade e, mesmo às apalpadelas, se esforçassem por encontrá-la, embora não esteja longe de nós”. O Deus verdadeiro é sempre desconhecido. Deuses conhecidos são deuses facilmente manipuláveis que, em lugar de interpelar, justificam todas as nossas ações. De resto, em todos os seus escritos Paulo insistirá na idéia de que estar com Deus é respirar um ar novo que liberta da escravidão da lei e conduz a uma vida nova, baseada no amor. “Pois Nele vivemos, nos movemos e existimos”, conclui (At 17,22-28).

Mas o “Deus desconhecido” de Paulo é aquele que nos chama, de novo e sempre, à relação. Faz-se homem para nos conduzir à divindade, desce para nos elevar. É como se nos interpelasse a partir do futuro, para que possamos dar mais um passo à frente “um passo por menor que seja” (diria o escritor norte-americano John Steinbeck). Ou seja, a presença na Casa de Deus impreterivelmente nos devolve ao caminho. Não se trata de um espiritualismo intimista, mas de uma relação com o Pai que reclama uma relação correspondente com os irmãos, especialmente os mais necessitados. E aqui o oxigênio que respiramos na intimidade com Deus representa a força vital que nos irá sustentar na caminhada. Força vital que ajuda a enfrentar obstáculos, fracassos, adversidades, ingratidões, medos, e assim por diante.

Até mesmo uma socióloga marxista, Ágnes Heller, tem algo a nos dizer sobre esse conceito místico de casa. Refere-se a ela como “um ponto fixo no espaço, do qual partir e ao qual voltar”. E acrescenta: “A casa não é simplesmente o edifício, a habitação ou a família (...)”. “É necessário que exista também o sentido da segurança: a casa protege; contribuem, além disso, relações afetivas e sólidas – o calor do lar” (HELLER, Agnes. Sociología de la vida cotidiana, Ediciones Península, Barcelona, España, 1970, pág. 635). Daí a importância do endereço para muitos imigrantes, seja no sentido de ostentá-lo com orgulho depois de conseguir a cidadania, seja no sentido de ocultá-lo com receio em situação de clandestinidade.

Em outras palavras, prevalece a noção de casa simultaneamente como ponto de partida e ponto de chegada. A divindade desconhecida nos chama a contemplar sua face e a respirar de sua presença na Casa de Deus, mas, ao mesmo tempo, nos envia a reproduzir essas relações novas na convivência cotidiana, seja no encontro pessoal, familiar ou comunitário, seja em termos econômicos, políticos e sociais.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Missão Católica terá novo endereço

Fonte: http://www.gazetanews.com/local

A Missão Católica Nossa Senhora Aparecida está mudando de endereço. A partir do dia 1º de outubro, estará funcionando no n. 6350 da NW 1th Street, em Margate, onde, atualmente, está estabelecida a S. Vincent Church. De acordo com o Padre Volmar Scaravelli, a mudança permitirá oferecer aos fiéis espaços mais amplos.

Ele lembra que a maior comunidade católica de origem brasileira, está localizada em Pompano Beach, e que esta comunidade “sempre sonhou em ter uma igreja consagrada com espaços suficientemente grandes para acolher a todos os membros”. “Devido à crise financeira que afetou algumas paróquias, o arcebispo de Miami nos ofereceu a oportunidade de unir-se à Comunidade S. Vincent. E nós, ain-da que com um pouco de dor por deixar a nossa casa, aceitamos a proposta”, explica o Padre.

De acordo com o padre Scaravelli, será fechada a Comunidade Nossa Senhora de Fátima em Hollywood, assim como a pequena comunidade de Weston, permanecendo a de Kendal e a de Miami Beach.

Ele acrescenta que alguns meios de comunicação chegaram a anunciar que haveria uma reestruturação da Arquidiocese de Miami, devido à crise financeira, e nega o fato. “Isso só não é verdade no que diz respeito à Missão Católica Nossa Senhora Aparecida. Graças a Deus e à generosidade do povo brasileiro não temos problemas financeiros, pelo contrário, seremos um suporte para solucionar o problema financeiro da nossa futura Paróquia S. Vincent em Margate”, acrescenta.

O padre convoca todos os fiéis para que se unam e integrem-se à nova comunidade e ressalta o papel da Igreja como um importante meio de integração do imigrante. “Todos unidos, sem nenhuma excessão, devemos integrar-nos na nova comunidade que nos acolherá com carinho. Não é bom para os imigrantes formarem guetos, em igrejas isoladas e separadas. Sem deixar-nos assimilar, procuraremos respeitar as leis locais, apren-der tudo o que a sociedade americana nos oferece de bom, partilhar nossa vida, nossa fé, nossos costumes, nossa religiosidade com o povo americano e hispano sem contudo perder a nossa identidade”, ressalta o padre Scaravelli.

Ele acrescentou que a integração dos imigrantes é um benefício para todos. “A sociedade americana se enriquece quando os imigrantes se integram e nós também só teremos a ganhar. A maturidade de uma comunidade cristã se expressa na capacidade de conviver com o diferente e partilhar a fé com outras etnias”, conclui o padre.

Ele ressalta o perfil ativo das comunidades católicas. “As nossas comunidades são muito ativas. Os membros se caracterizam por uma profunda fé, pela criatividade e generosidade. Em apenas 10 anos, compramos, pagamos e reformamos a propriedade de Pompano Beach. Temos 20 pastorais organizadas, desde a Pastoral Carcerária até a litúrgica. Ajudamos economicamente a muitas pessoas, algumas sem ser da nossa igreja e também instituições no Brasil e o espaço sempre fica pequeno na hora das celebrações litúgicas e eventos sociais”, observa.

As mudanças não alterarão os projetos da Missão Católica. Segundo o padre, além da continuidade ao trabalho das pastorais, estão nos planos da Missão, a criação da escolinha de português para alfabetização das crianças brasileiras ou filhos de brasileiros e, no futuro, a criação do Centro do Imigrante e da Escola de Inglês.

Apesar da crise, imigrantes não querem voltar, indica pesquisa

FONTE BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/

Crise reduziu o fluxo de imigrantes econômicos e de remessas de dinheiro.
Apesar de fortemente afetados pela crise econômica global que atingiu de maneira intensa os países desenvolvidos, a maioria dos imigrantes econômicos abrigados nesses países preferiu permanecer a voltar aos seus locais de origem, segundo indica uma pesquisa preparada com exclusividade para o Serviço Mundial da BBC.

O estudo, feito pela organização americana Migration Policy Institute (MPI), também indica que a crise reduziu o fluxo de migrantes em busca de melhores condições pelo mundo.

Os dados levantados pela pesquisa mostram ainda que os imigrantes estão entre os grupos mais atingidos pela crise e que as remessas de dinheiro enviadas por eles aos seus países sofreram uma queda na maioria das regiões.

Apesar dessa queda nas remessas, esse envio de dinheiro vem ganhando importância relativa para os países que a recebem, já que outras fontes de ingressos de divisas vêm se contraindo.
Brasil é exceção
Apesar das tendências globais apontadas pela pesquisa, há algumas exceções como o caso do Brasil, como aponta o vice-presidente da MPI e co-autor do estudo, Michael Fix.

Imigrantes brasileiros, principalmente nos Estados Unidos e no Japão, estão retornando em grande número ao Brasil, mas apesar disso as remessas de dinheiro ao país vêm aumentando.

Para Fix, uma das principais razões para o retorno de um grande número de imigrantes brasileiros ao país é econômica, já que a economia do Brasil vem se saindo relativamente melhor do que a dos países de destino dos imigrantes.

“Em estudos anteriores, verificamos que as decisões dos imigrantes sobre retornar ou não aos seus países de origem tinham mais relação com as condições econômicas em seus países natais do que nos seus países de destino”, afirma Fix.

Outra questão apontada por ele para justificar o retorno em grande número dos imigrantes brasileiros é o fato de que muitas de suas ocupações nos países de destino foram mais afetadas pela crise econômica global.

Esse seria o caso, por exemplo, da construção civil nos Estados Unidos, onde há uma grande concentração de imigrantes brasileiros. Segundo a MPI, 21% dos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos estavam empregados na construção civil, em comparação com os 8% dos trabalhadores americanos empregados pelo setor.

O fato de um número menor de imigrantes estar enviando uma quantidade maior de dinheiro ao Brasil poderia ser também uma consequência do bom momento da economia brasileira, na avaliação de Fix.

“É possível que parte desse dinheiro não esteja sendo usado para a compra de produtos essenciais, mas enviado para aproveitar o melhor clima para investimentos no Brasil”, diz ele.

Tendência global
O estudo preparado pela MPI para a BBC observa que “não há uma única tendência global que capture a forma como a recessão afetou os fluxos de migração” desde o início da crise econômica global.

“Os efeitos têm nuances e são variados, dependendo em grande parte da característica dos fluxos (permanente, temporário, ilegal e humanitário); se eles são para ou a partir de um país de destinação; e a região do mundo envolvida”, observa o documento.

Apesar disso, para traçar um panorama da situação global dos imigrantes, o estudo avaliou os principais corredores de migração pelo mundo – do México para os Estados Unidos, do Leste Europeu recém-integrado à União Européia à Grã-Bretanha e à Irlanda, do Leste Europeu e do norte da África para a Espanha, de/para Índia, Bangladesh, Filipinas e Nepal para/de Estados do Golfo Pérsico, e de áreas rurais para cidades na China.

De acordo com o estudo, em 2005 havia 195 milhões de imigrantes no mundo, um crescimento de mais de duas vezes e meia desde 1960, quando havia 75 milhões de imigrantes pelo mundo.

Pelas estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), há hoje no mundo entre 20 e 30 milhões de imigrantes ilegais, o que representa de 10% a 15% do total de imigrantes no mundo.

A maior parcela de imigrantes, tanto legais quanto ilegais, está nos Estados Unidos, um dos países mais afetados pela crise global.

Um em cada cinco imigrantes de todo o mundo está no país, que abriga apenas um em cada 20 habitantes do globo. O governo americano estima em 11 milhões o número total de imigrantes ilegais.

Para a MPI, muitos dos trabalhadores imigrantes foram mais fortemente atingidos pela crise por uma série de fatores: baixo conhecimento da língua local e baixa instrução; concentração em setores mais afetados por ciclos de expansão e recessão, como a construção civil; o fato de que muitos desses imigrantes têm contratos temporários ou acertos informais; e o aumento da discriminação em tempos de crise.

“Os trabalhadores contratados mais recentemente, assim como os trabalhadores de nacionalidades que entraram no mercado de trabalho mais recentemente, também podem não ter as redes sociais e profissionais que podem ajudar a amortecer o impacto da recessão”, afirma o estudo.

Segundo a MPI, apesar de os imigrantes representarem um em cada seis trabalhadores nos Estados Unidos, eles representavam, no início da crise, um em cada dois novos trabalhadores nos Estados Unidos e quase sete em cada dez novos trabalhadores na Grã-Bretanha.

Remessas
Outra questão analisada pelo estudo da MPI para a BBC foi o comportamento das remessas internacionais após o início da crise.

A conclusão geral do estudo é de que na maioria dos casos houve uma queda acentuada dessas remessas, mas que outras fontes de divisas para os países de origem dos imigrantes caíram ainda mais no período, aumentando a importância relativa dessas remessas.

Segundo o levantamento do estudo, o fluxo global de remessas enviadas por imigrantes deve ter uma queda de 7% neste ano, comparado com uma estimativa de 10% de queda no comércio internacional e de 57% nos investimentos estrangeiros diretos.

O estudo observa que entre 2000 e 2006 as remessas cresceram de maneira substancial na América Latina e no Caribe, na Ásia e na Europa, com um crescimento menos vigoroso no Oriente Médio e na África.

Esse crescimento desacelerou em 2006 e 2007 na América Latina, principalmente por conta do efeito da crise no setor de construção nos Estados Unidos, e foi praticamente inexistente em 2007 e 2008.

Com o alastramento da crise para a Europa e a Rússia, as remessas para a Ásia Central e para o Leste Europeu também estagnaram entre 2007 e 2008.

No leste e no sul da Ásia, as remessas continuaram a crescer nesse período, ultrapassando a América Latina e o Caribe como a principal região de destino das remessas.

O Brasil é novamente uma exceção nessa tendência mundial. Estimativas do Banco Mundial indicam um aumento de 16% nas remessas ao Brasil entre 2007 e 2008, de US$ 4,4 bilhões para US$ 5,1 bilhões.

Como comparação, nesse mesmo período, as remessas ao México tiveram uma queda de 3%, de US$ 27,1 bilhões para US$ 26,3 bilhões.

Apesar do aumento das remessas, elas ainda têm uma participação relativamente pequena no PIB brasileiro – 0,3% em comparação aos 2,7% do México, 7% no Equador ou do extremo do Tajiquistão, onde as remessas de imigrantes representam 45,5% do PIB.

Autoridades em Illinóis reconhecem matrícula consular brasileira - CMC

FONTE: http://www.brazilianvoice.com/

Durante a recepção, o agraciado com a carteira da Matrícula Consular número 1 foi o jornalista e promoter Carlos Borges, radicado na Flórida.

A apresentação do novo documento contou com a presença de vários representantes da imprensa brasileira nos Estados Unidos.

Na última quinta-feira (3), o cônsul-geral do Brasil em Chicago, Illinóis, o Embaixador João Almino, recebeu vários representantes da imprensa brasileira nos Estados Unidos para anunciar o lançamento da nova carteira de Matrícula Consular (CMC). Almino já ocupou o cargo de cônsul-geral do Brasil na Flórida. A cerimônia também contou com a presença do Sub-Secretário-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty, o Embaixador Oto Agripino Maia, que visitou Chicago especialmente para a ocasião, e contou, também, com a presença do diretor do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, o Embaixador, Eduardo Gradilone, do Ministério das Relações Exteriores, além de autoridades locais.

“O estado de Illinóis está dando um grande exemplo aos outros estados norte-americanos e esperamos que no futuro eles também reconheçam a validade do documento”, disse Maia.

Durante a recepção, o agraciado com a carteira da Matrícula Consular número 1 foi o jornalista e promoter Carlos Borges, radicado na Flórida. O documento também será utilizado pelos três representantes que participarão da 2ª Conferência Brasileiros no Mundo, que acontecerá nos próximos 15 e 16 de outubro, na cidade do Rio de Janeiro.

Recomenda-se que todo brasileiro no exterior providencie sua matrícula junto ao Consulado mais próximo. Após efetuar matrícula, solicita-se manter sempre o endereço e telefone atualizados no Consulado-Geral.

São as seguintes as principais finalidades da matrícula consular:
• Em casos de emergência, facilitar ao Consulado-Geral contatar os brasileiros e seus familiares no Brasil e/ou vice-versa;
• Permitir ao Consulado conhecer melhor a comunidade a que deve prestar assistência;
• Facilitar a substituição de documentos brasileiros em casos de furto, roubo ou extravio;
• Constituir documento de identidade válido em território americano. Algumas autoridades públicas municipais, estaduais e instituições privadas já aceitam CMCs emitidas por governos de outros países como documento de identidade, prova de nacionalidade e comprovante de domicílio na jurisdição consular.

É importante esclarecer que a nova CMC não constitui carteira de habilitação, nem é comprovante de situação imigratória regular. Somente comprova que o portador está residindo nos EUA e é registrado em uma das repartições consulares do governo brasileiro.

Dependendo da cidade, município ou Estado, bem como de instituições privadas, a CMC pode ser aceita para:
• abertura e movimentação de conta em bancos, inclusive para transferência de dinheiro para o Brasil; e
• acesso a bibliotecas, escolas, hospitais e outros serviços públicos oferecidos por várias cidades, condados e Estados.
Antes de utilizá-la para qualquer fim, recomenda-se que o portador pergunte se a CMC é aceita no estabelecimento.
Instruções para obter a carteira de Matrícula Consular:
Comparecer ao Consulado-Geral munido dos seguintes documentos:
• Um (1) documento brasileiro válido e com foto. É obrigatório apresentar este documento caso contrário não será possível emitir a Matrícula Consular. (ex.: RG, passaporte, carteira de motorista);
• Um (1) documento brasileiro simples. (ex.: Certidão de nascimento, casamento, titulo de eleitor, CPF ou algum dos relacionados acima);
• Taxa consular de US$ 5 a primeira via e US$ 10 a segunda via e posteriores;
• Formulário devidamente preenchido e assinado.
• Comprovante de residência nos Estados Unidos.

O prazo de entrega é de 5 dias úteis. Importante: Todas as informações fornecidas pelo cidadão brasileiro para fins de matrícula são SIGILOSAS e em hipótese alguma serão fornecidas a terceiros.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Artigo: Culto do “eu”

No individualismo exacerbado da sociedade moderna ou pós-moderna, o culto ao “eu” ganha uma relevância sem precedentes. Semelhante culto se expressa de variadas formas: a primeira e mais visível é a busca obsessiva do corpo perfeito protagonizada especialmente pelas meninas vinculadas ao mundo da moda, com seus desfiles, passarelas, luzes e glamour. A tirania da beleza lhes impõe um regime de verdadeira tortura, além de difundir uma espécie de remorso nas pessoas “normais”.

Mas o culto ao “eu” também está presente no assédio impudico às celebridades, ou grandes personalidades. De alguma forma, tanto as câmaras e holofotes da mídia quanto o público em geral, projetam nessas figuras o sucesso que sonham para si mesmos, embora continuem rastejando pelo mundo dos simples mortais. De fato as estrelas, embora ofusquem os planetas, conferem-lhe algum brilho. Mesmo girando em órbitas distintas os astros se atraem na infinitude do universo. Daí o afã dos “paparazzi” pela invasão de privacidade a todo custo.

O hedonismo, entendido como o prazer pelo prazer, é outra marca do culto ao “eu”. Se confrontarmos os anos de 1950, 60 e 70, com os dias atuais, podemos ter uma idéia do que isso significa. De fato, em décadas passadas, predominava na cultura geral a preocupação com o “bem estar social”. Basta reportarmo-nos a figuras como John Lennon ou The Beatles, a Nelson Mandela, Dom Oscar Romero e Hélder Câmara, às canções da Bossa Nova ou da MPB, à manifestações juvenis dos anos 60 em Paris e México, por exemplo, às ações das Igrejas no processo de libertação latino-mericano, aos movimentos sociais, universitários e estudantis, à educação Paulo Freire e Ligas Camponesas, enfim, ao desenvolvimento dos debates em torno do socialismo e suas ações concretas. Em tudo isso, o foco das atenções estava centrado numa perspectiva claramente sócio-política.

Atualmente o foco do”bem estar social” foi substituído pelo foco do “bem estar pessoal”. “Estar numa boa” é uma das expressões dessa virada histórica. O verbo ficar ao invés de namorar também não deixa de ser uma metáfora dessa mudança cultural mais abrangente. As relações tendem a ser mais efêmeras, descartáveis, sem responsabilidades duradouras. A própria dança, em lugar de revelar um casal apaixonado, aparece muito mais como um exibicionismo contorcionista de um parceiro frente ao outro. Mas isso não se dá somente entre os jovens e adolescentes, como se costuma insinuar. Na sociedade como um todo, é frequente o isolamento individual diante da multidão de estranhos.

Desde um ponto de vista religioso e católico, uma rápida olhada para os hinos tocados nas missas ou celebrações segue a mesma direção. Em não poucos casos, o “nós” de décadas passadas dá lugar ao “eu”: ao invés do “Povo de Deus”, eu e Jesus, eu e Deus, e assim por diante. A Teologia da Libertação, as CEB’s e as Pastorais Sociais sofrem um processo de encolhimento, ao mesmo tempo que florescem os movimentos religiosos de caráter espiritual e intimista. Também a fé tende a privatizar-se, tornando-se uma opção individual com pouca ou nenhuma repercussão social.

O resultado é que o conceito de transformação social ou política está desacreditado. Mudança virou sinônimo de espetáculo, não de processo lento e laborioso. Funcionam melhor os analgésicos da vida moderna. Não se pensam em projetos de longo prazo, mas em remédios imediatos para problemas imediatos. O importante é responder aos males do “aqui e agora”. Daí o sucesso da varinha mágica de Henry Porter, da força de Rambo, da sorte lotérica, das lições de auto-ajuda, dos milagrismos, entre tantos outros paliativos.

Facilmente se esquece que as mudanças, a exemplo da espiga, da flor, da árvore e do edifício, levantam-se do chão. A exemplo das sementes, maturam na terra escura e úmida, antes de se projetarem no céu e no ar livre. Criam raízes antes de verem a luz do sol, crescem para baixo antes de cresceram para cima. O mesmo se dá com os sonhos e utopias. Se não partirem do contexto histórico, com o complexo de seus problemas econômicos, políticos e sociais, jamais poderão elevar-se a um horizonte alternativo. Sem raízes, a árvore é manipulada pelos ventos e os projetos sociais pelas tempestades variantes da política.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Canção homenageia brasileiros residentes no exterior





Por: Leonardo Ferreira

O compositor Dario Santos (esq.), radicado desde 86 em Maryland, e o músico Francis Deo, residente em Connecticut, lançarão a versão final da canção “Imigrante Brasileiro no Mundo”.

A letra da obra foi composta por Dario Santos e a música por Francis Deo em homenagem a todos os brasileiros que vivem no exterior

Com a aproximação da Semana da Indepen­dência do Brasil 2009, nos Estados Unidos, o compositor Dario Santos, radicado desde 86 em Maryland (VA), e o músico Francis Deo, residente em Connecticut, lançarão a versão final do hino “Imigrante Brasileiro no Mundo”. Trata-se de uma obra independente de amor e fidelidade à pátria mãe, seja onde os brasileiros se encontrem, e ressalta o orgulho de ser imigrante, mesmo com as inúmeras dificuldades enfrentadas em terras estrangeiras. Apesar de ser lançado na Semana da Pátria 2009, o hino não representa oficialmente os brasileiros residentes no exterior, pois para isso seria necessária uma votação internacional, envolvendo comunidades radicadas em vários países; reconhecida por autoridades locais e brasileiras.

Dario explicou que há vários anos costuma compor canções para a Copa do Mundo e que o hino representa uma expressão de amor pela pátria, uma mensagem de otimismo para aqueles que saem do Brasil em busca de sustento para suas famílias e progresso pessoal.

“A crise está aí, a saudade está aí, então, a música nos transporta à uma atmosfera mais positiva”, disse ele.

A parceria com Francis Deo, que dedica a carreira musical a fazer interpretações dos grandes sucessos do cantor Roberto Carlos e clássicos latinos, surgiu em decorrência de espetáculos realizados por ambos em Maryland. Dario é responsável pela letra e Francis pela melodia. O compositor disse que planeja distribuir o trabalho durante as comemorações da Semana da Independência em New York e New Jersey.

“Com muito orgulho e amor ao Brasil, que queremos compartilhar esse magnífico trabalho. Um presente para todos os imigrantes brasileiros no mundo. Nossa produção será entregue ao público no dia da Independência do Brasil, em New York, durante a festa do Brasil, neste ano de 2009”, convidou Dario. “Escutem a musica e cantemos juntos”.

Segue a letra do hino: “Imigrante Brasileiro no Mundo”:



SOU BRASILEIRO ...SIM

POR ESTE MUNDO EU VOU

LUTANDO ATE O FIM

UM VENCEDOR EU SOU

NO INICIO ERA SO EU

DEPOIS OS MEUS IRMAOS

AGORA SOMOS MAIS

PASSAMOS DE UM MILHAO



SOMOS UM ESTADO BRASILEIRO FLUTUANTE

E POR ONDE VAMOS A GALERA PEDE BIS

UMA ESTRELA A MAIS

NESTA BANDEIRA DESLUMBRANTE

SOU IMIGRANTE BRASILEIRO E SOU FELIZ



OH MEU BRASIL BRASIL

TE DOU MEU CORAçAO

OH MEU BRASIL BRASIL

MINHA PAIXAO

TE AMO PATRIA AMADA MAE GENTIL

VERDE E AMARELO, AZUL E BRANCO

EU SOU BRASIL


Dario Santos
(301) 523 0549 Dajosan@aol.com

MUSICA: FRANCIS DEO
LETRA: DARIO SANTOS


Dario espera que sua composição tenha boa aceitação pelo público e que ela possa levar mais alegria e otimismo durante as comemorações da Independência do Brasil nos Estados Unidos em 2009.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Presidente da Cáritas Brasil e a Semana da Pátria

Fonte: www.diocesedejales.org.br
Brasil - Déficit de Cidadania

Dom Demétrio Valentini


Estamos próximos a mais uma Semana da Pátria. Mesmo com todo o ritual de praxe garantido, paira no ar um sentimento de resignação e de apatia. Tempos atrás havia expectativa e efervescência em torno de um projeto amplo de Brasil a ser pensado e urgido pelos cidadãos que o idealizavam.

Passou-se a cunhar uma expressão que serviu de mote para amplos debates, em todo o país, que tomaram forma sobretudo de "semanas sociais". Chegou-se a cunhar uma expressão dinâmica e motivadora: "O Brasil que a gente quer".

Agora, parece que a bandeira foi arriada. Não pensamos mais no Brasil que a gente quer. Parecemos resignados com o Brasil que aí está!

Verdade que o governo presidido pelo Presidente Lula trouxe inegáveis avanços sociais, possivelmente irreversíveis, através de pequenos mecanismos de distribuição de renda.

Simultaneamente à implementação das políticas sociais por parte do governo, houve uma acomodação da cidadania, um refluxo à passividade, somado com uma falta de motivação e uma dificuldade de articulação dos movimentos sociais que ainda conseguem mobilizar seus membros.

Convenhamos que assim não se avança. Pois caberá sempre à cidadania reconvocar continuamente o governo e todo o aparelho estatal, urgindo-o a cumprir suas finalidades constitucionais.

Este déficit de cidadania pode ser constatado em duas circunstâncias, como exemplo de outras.

A primeira salta aos olhos: a pouca participação popular nos diversos "conselhos paritários" a nível de município. O único que desperta um pouco de interesse é o "conselho da criança e do adolescente", porque o grupo executor das políticas públicas afetas a este conselho, o "conselho tutelar" é eleito pelo povo e seus membros são remunerados.

Os outros "conselhos paritários", quase não despertam interesse, são pouco conhecidos, não se leva a debate as questões que lhes seriam pertinentes, e não contam com o interesse da cidadania.

Seriam ótimos instrumentos de participação da cidadania, e de ação articulada com as instâncias governamentais. Mas na maioria dos municípios não cumprem sua função, por falta de interesse dos cidadãos, por sua pouca consciência política e por seu fraco compromisso social.

Outro caso que revela ausência de cidadania é a situação das "rádios comunitárias". A idéia seria boa. Colocar ao alcance da cidadania local um meio de comunicação, que fosse instrumento para divulgar assuntos de interesse cotidiano, e ser expressão da cultura local.
Acontece que a grande maioria dessas "rádios comunitárias" se igualaram às rádios piratas. Acabaram se tornando propriedade de alguém que explora a concessão para interesse próprio, ou caíram na mão de alguma igreja que usa a rádio com finalidade exclusiva de proselitismo. E´ comum escutar alguém dizendo: "eu tenho uma rádio comunitária". Ora, se alguém é dono de uma rádio, ela deixa de ser comunitária! Pior que tudo, essas ditas "rádios comunitárias" acabam se tornando instrumento de deformação da cidadania. Estimulam a sonegação de impostos, incentivam nas empresas o "caixa dois" para pagarem a propaganda que eles chamam de "apoio cultural" para disfarçar, e acabam fazendo concorrência desleal com as rádios tradicionais, que precisam arcar com os todos os encargos sociais e outros impostos que o governo se incumbe de cobrar.

Sem o exercício atento da cidadania até os instrumentos da democracia são pervertidos. Usando um símbolo do evangelho, a cidadania é como o sal. Se ele se corrompe, quem o poderá salgar, pergunta Cristo. Se não praticamos a cidadania, tudo pode ser corrompido, até as eleições que temos pela frente.
(www.diocesedejales.org.br)