quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Notícias do Japão

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Assembléia da CAPB(Comissão de Agentes de Pastoral Brasileira)

Como acontece todos os anos os missionários e missionárias que trabalham em comunidades com migrantes brasileiros se reuniram em assembléia de 8 a 10 de setembro na localidade de Takarazuka, nas proximidades de Osaka.

Neste ano tivemos a alegria de acolher alguns missionários recém-chegados, como Padre Osmar Padovan,Padre Aparecido Maciel Donizete e irmã Eunice. Contudo além de alguns que já retornaram ao Brasil, como as irmãs Kazuko e Theodora, Padre Evaristo Higa,agora é a vez do padre Zeca nos deixar. Significa que o quadro precisa de refôrço e renovação. Que venham os valentes. A messe é grande.

Desta vez tivemos a oportunidade de refletir sobre alguns tópicos significativos da Intrução Pastoral “Erga Migrantes, caritas Christi,” relacionados com a situação dos migrantes no Japão.
Como não podia deixar de ser, nossa atenção voltou-se também para a crise econômica mundial e seus efeitos sobre as comunidades. Ao mesmo tempo que constatamos sofrimentos nas famílias e comunidades, notamos maravilhosos testemunhos de solidariedade, fraternidade, doação e desprendimento de muitos migrantes indo ao encontro dos desempregados.

Brasileiros e a crise e alguns programas de governos no Japão.

Calcula-se que aproximadamente 54.400 brasileiros tenham retornado ao Brasil por causa da crise econômica.

As manchetes continuam a aparecer nos jornais, mais ou menos assim: “Governo do Japão ajuda brasileiros que desejam retornar ao Brasil”; “Prefeituras aumentam a ajuda aos migrantes desempregados”. Cuidado! Essa generosidade pode significar algo bem trágico.

O Japão que abriu as portas aos trabalhadores brasileiros, que abriu as portas para virem trabalhar aqui, parece ter formas sutis para fazer com que os desempregados deixem o país. Vejamos como funciona:

1- No Província de Gifu, o governo local disponibilizou até 700.000 yens(USD 7.000,00 aproximadamente) por família que desejasse retornar ao Brasil, com o compromisso de iniciar a devolução depois de três meses do retorno, com um prazo de três anos, ficando aberta a possibildiade de voltar. É facil entender estar o governo consciente da falta de condições de uma pessoa desempregada reembolsar a importância. A inadimplência será impedimento para que um novo visto seja emitido para quem for embora nessas condições.

2- O governo federal também quer ajudar os brasileiros desempregados para que voltem ao Brasil. Oferece 300.000 yens(aproximadamente USD 3.000,00), sem compromisso de devolver, sob a condição de cancelamento do visto de residência dos adultos e das crianças, sem dizer como poderiam reaver um novo visto no caso de querer retornar ao Japão depois de três anos de ter saído do país. Este programa está sendo considerado uma deportação difarçada.

3- O Governo to Japão tem o “auxílio-subsistência” para apoiar famílias de desempragados, sejam eles japoneses ou não. Nas Províncias de Aichi e Shizuoka, esse auxílio está sendo transformado em uma armadilha para os estrangeiros. Os funcionários dos governos provinciais condicionam o repasse da ajuda ao compromisso de que o migrante brasileiro ou peruano solicite a ajuda de 300.000 yens do governo federal para ir embora, renunciando ao visto de residência. Não é condição essencial para receber a ajuda, mas a tentativa é fazer pressão ou chantagem para que os trabalhadores desempregados abandonem o Japão.

Os migrantes, nessas condições se sentem muito mal-reconhecidos e injustiçados pois sua força de trabalho foi requisistada para vir ao Japão manter a economia do país em alta no tempo da famosa “bolha econômica”. Agora que a crise afeta especialmente os setores industriais, governo, empresários e empreiteiras de mão-de-obra, querem se desfazer deles de forma sutil, mas real.

Missionário Padre Olmes Milani (cs)
Tóquio- Japão

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