quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Apesar da crise, retorno de brasileiros se mantém estável

Categories: , ,

Levantamento mostra que o número de entradas de brasileiros no Japão está menor que a saída, porém indica que o momento é de estabilidade

O Ministério da Justiça do Japão divulgou, recentemente, novos números sobre a população brasileira naquele país. De acordo com o levantamento, feito com base no cruzamento dos dados do Ministério da Justiça japonês, houve uma redução de 1,4% no número de brasileiros residentes no Japão em 2008, se comparado com 2007. Ou seja, o número de brasileiros no Japão em 2008 caiu de 316.967 para 312.582, uma redução de 4.385 pessoas.
A taxa de crescimento negativo, que poderia ser bem maior por conta da crise financeira mundial desencadeada em outubro do ano passado, é inferior à principal retração histórica, ocorrida em 1998, quando o índice alcançou - 4,7%. O estouro da ‘bolha imobiliária’ no mercado interno do Japão na década passada afetou significativamente a saúde das instituições financeiras locais, o que contaminou toda a economia japonesa na época.
O retorno ao Brasil, no acumulado de janeiro a abril deste ano, auge da crise financeira mundial, foi de 33.782 brasileiros, na sua maioria de dekasseguis, nipo-brasileiros que ficam temporariamente no Japão trabalhando para juntar dinheiro. Entretanto, de acordo com o consultor do Sebrae/PR em Maringá, Marcos Aurélio Gonçalves, especialista no tema, é oportuno lembrar que esses números, obtidos junto à Representação da Caixa Econômica no Japão, devem ser analisados e interpretados com muita atenção, tendo em vista que os brasileiros que retornam para o Brasil nem sempre o fazem de forma definitiva.
“O fluxo negativo de pessoas saídas atingiu seu ponto máximo no primeiro trimestre de 2009, com média mensal de 9.101 pessoas saídas acima das entradas no Japão. Contudo, essa média caiu em abril para 6.478, o que pode indicar uma tendência de estabilização do fluxo migratório em patamares ainda indefinidos”, complementa Marcos Gonçalves. Na avaliação do consultor do Sebrae/PR, a crise mundial aumentou significativamente o número de pessoas saídas do Japão, “porém este fluxo de retorno é bem inferior aos números que vinham sendo divulgados pelos meios de comunicação”.
“A média de entradas de janeiro a abril de 2009 no Japão foi de 3.063 pessoas, ou seja, o fluxo migratório Brasil-Japão ainda permanece, apesar do fato de que esta mesma média, em 2008, tenha sido de 5.807 pessoas”. O consultor do Sebrae/PR diz também que os dekasseguis que optam por ficar no Japão são amparados pelo seguro-desemprego até conseguirem encaixe no mercado de trabalho. “Vale ressaltar que a maioria dos brasileiros está empregada e aqueles que optam por retornar ao Brasil perdem o seguro-desemprego; ainda assim, esse retorno não é definitivo”, aponta Marcos Gonçalves. “A sensação que se tem é que os dekasseguis que retornam ao Brasil de maneira provisória é maior do que aqueles que optam por ficar de maneira definitiva”.
O consultor do Sebrae/PR ressalta que a comunidade brasileira no Japão manterá sua importância no que diz respeito à oferta de mão de obra para as indústrias japonesas, haja vista o contingente da população brasileira presente no país atualmente, mesmo com todos os reflexos da crise. “O fluxo migratório do trabalho, que constitui a terceira grande onda de globalização no mundo – a globalização do trabalho – independe do momento atual de crise. Esta população transnacional, que são os nipo-brasileiros que vão para o Japão, em maior ou menor intensidade, demanda serviços públicos e privados para suprir suas necessidades básicas”.
A comunidade brasileira no Japão em 1985 era de 1.955 pessoas e alcançou seu auge no começo da década de 1990, mais precisamente em 1991, quando 62.904 pessoas entraram no país com visto de trabalho. Em 24 anos, a população brasileira no Japão diminuiu apenas uma vez em termos quantitativos. Foi em 1998, quando passou de 233.254 pessoas em 1997 para 222.217 pessoas em 1998 – taxa de crescimento negativo de 4,7%.
Ainda conforme os levantamentos anuais realizados pelo Ministério da Justiça do Japão, 2007 foi o ano em que foi contabilizado o maior número de brasileiros naquele país, alcançando a população de 316.967 descendentes.
Para atender os brasileiros que retornam do Japão, existe o Programa Dekassegui Empreendedor, referência nacional e internacional no atendimento dos dekasseguis, uma iniciativa do Sebrae/PR, Sebrae Nacional, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD) e Fundo Multilateral de Investimentos (MIF-Fumin).
O programa, explica o coordenador estadual do Programa, consultor do Sebrae/PR André Rossi, visa atender, auxiliar e desenvolver o empreendedorismo dos dekasseguis, sendo uma ferramenta para gerar renda e emprego. “Abrir uma empresa é uma opção para os dekasseguis que retornam ao Brasil. O Sebrae/PR tem objetivo de auxiliar nesta tomada de decisão, mesmo por que o retorno ao Japão não está, na maioria das vezes, descartado, mas até que isso aconteça é preciso trabalhar e gerar emprego”, diz Rossi.
Mais informações sobre o Programa Dekassegui Empreendedor em Maringá podem ser obtidas pelo telefone (44) 3220-3474 ou pela Central de Relacionamento Sebrae, número 0800-570-0800.

Fonte original :
http://www.ipcdigital.com/br/Noticias/Comunidade/Tokyo/Apesar-da-crise-retorno-de-brasileiros-se-mantem-estavel

Spread The Love, Share Our Article

Related Posts

No Response to "Apesar da crise, retorno de brasileiros se mantém estável"

Postar um comentário